Oficiais de Justiça e Estresse: As Oficinas como Estratégia de Intervenção Psicossocial

Ariane Tavares Bentes (1), Carolina Queirós Monteiro (2), Cláudia Maria Menezes Alcântara (3), Henrique Barros de Melo Alves(4), Manoel de Christo Alves Neto(5), Márcia Moraes Rabelo (6), Maria de Fátima Pinto Sotero (7), Paula Portugal Vieira da Costa (8)
 
O estresse decorrente de atividades profissionais manifesta-se como uma realidade que exige das políticas públicas de saúde e dos gestores de gestão de pessoas atenção especial em decorrência das conseqüências físicas, emocionais, sociais e financeiras do estresse. A categoria profissional de Oficiais de Justiça é uma daquelas que tem sofrido intensamente os efeitos do estresse. Assim, este trabalho tem por objetivo discutir as oficinas grupais como uma estratégia de intervenção no estresse, bem como analisar os resultados de uma experiência desenvolvida no judiciário paraense. Esta pesquisa é do tipo exploratória, de natureza quanti-qualitativa e resulta da experiência de um ciclo de oficinas com Oficiais de Justiça lotados na comarca de Belém. Os dados obtidos foram analisados segundo literatura acerca do estresse. Como marco teórico, utilizou-se autores como Lazarus e Folkman (1984), Furnham (2001), López Fernadez e Pérez Quintana (2004) e Bernal (2010) para quem o estresse decorre do desajuste entre o indivíduo e o ambiente, não sendo um fato isolado, mas um processo que advém da interação de variáveis organizacionais, psicossociais e psicológicas. Identificou-se que dos 64,44% dos oficiais, somente 4% não referiu sinais de estresse; 68% apresentou grau de estresse moderado; 23% grau de estresse intenso e 5% grau de estresse muito intenso. Havia entre eles descrença na melhoria e implantação de estratégias organizacionais de enfrentamento, embora a maioria preservasse uma expectativa positiva de mudança e acreditava que a oficina poderia contribuir neste processo. Sinteticamente, situações estressoras e adversas que emergiram, como: exigências ocupacionais intrínsecas ao trabalho; atendimento ao público; tarefas socialmente desagradáveis ou com pessoas tensas; excesso de trabalho e Inviabilidade de cumprimento do volume de mandados; responsabilidade com o próximo; superposição entre a casa e o trabalho e falta de apoio social; falta de participação nas decisões; más condições objetivas de trabalho;estresse no trânsito e o risco de assalto e violência; dentre outras situações. Conclui-se que as oficinas constituem-se como importante estratégia de intervenção psicossocial. Contudo, podem ser apenas paliativas, se não atuam na causa e nos elementos estruturais da situação. Sugere-se a adoção de outras estratégias organizacionais diante do estresse.

Referências bibliográficas:
Bernal, O.  A. Psicologia do trabalho em um mundo globalizado: como enfrentar o assédio psicológico e o estresse no trabalho. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Lipp, M. E. N. (Org.). Stress no Brasil: Pesquisas avançadas. Campinas: Papirus, 2004.


1. Estagiária de Psicologia
2. Psicóloga do Tribunal de Justiça do Estado do Pará.
3. Assistente Social do Tribunal de Justiça do Estado do Pará.
4. Psicólogo. Assistente na Secretaria de Gestão de Pessoas.
5. Psicólogo do Tribunal de Justiça do Estado do Pará.
6. Assistente Social do Tribunal de Justiça do Estado do Pará.
7. Pedagoga do Tribunal de Justiça do Estado do Pará.
8. Assistente Social do Tribunal de Justiça do Estado do Pará.

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