Assédio Moral: Produção Científica em Periódicos Nacionais

Lígia Maria Heinzmann, Valdir Machado Valadão Júnior

 

Resumo

Este trabalho é parte de um estudo apresentado no IX Encontro de Estudos Organizacionais (EnEO) pelos mesmos autores (HEINZMANN; VALADÃO JÚNIOR, 2016). Este artigo faz parte de um projeto de pesquisa que aborda o assédio moral em ocorrências no Brasil Central e na região Centro Oeste. O objetivo do estudo foi analisar a produção científica nacional sobre assédio moral por meio de um estudo bibliométrico, no período compreendido entre os anos de 1999 e 2015.  Entende-se que a pesquisa reveste-se de relevância pelo fato de promover uma reflexão acerca dos esforços da academia em disseminar a temática do assédio moral, principalmente com pesquisas na área de administração. Quanto ao delineamento da pesquisa, enquadra-se como pesquisa descritiva, com método de abordagem quantitativo e de corte longitudinal. Quanto aos procedimentos metodológicos, observou-se a classificação adotada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para a estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação, ou seja, o Qualis 2014 válido para a área de Administração, Ciências Contábeis  e  Turismo (periódicos classificados nos estratos A1, A2, B1 e B2). Pesquisou-se com as palavras de busca - “assédio moral”; “bullying”; “harassment”; “mobbing” e acoso laboral” no título, resumo e palavras chave. Para compor o marco conceitual foram utilizados autores como Leymann (1996), Freitas; Heloani e Barreto (2008), Martiningo Filho e Siqueira (2008) e Hirigoyen (2014; 2015). Como principais resultados: as publicações sobre o tema têm sido realizadas por diferentes áreas de conhecimento, o que demonstra o seu caráter interdisciplinar; as universidades que se destacaram foram: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com seis autores vinculados a cada. A produção intelectual da temática de assédio moral se concentra em poucos autores e estes optam por escrever em parceria em pequenos grupos e também de forma individualizada. Como considerações finais salienta-se que se faz necessário expandir o conhecimento e a produção científica sobre o assédio moral no trabalho. Quanto mais distintos olhares de pesquisadores sobre o tema, mais disseminado se tornará e assim aumentarão as possibilidades de contribuições para redução da sua ocorrência.


Palavras chave: assédio moral, bibliometria, interdisciplinar.

 

1 Introdução

 

Este trabalho é parte de um estudo apresentado no IX Encontro de Estudos Organizacionais (EnEO) pelos mesmos autores (HEINZMANN; VALADÃO JÚNIOR, 2016). Este artigo faz parte de um projeto de pesquisa que aborda o assédio moral em ocorrências no Brasil Central e na região Centro Oeste.

Conforme Guimarães e Rimoli (2006) o assédio psicológico no trabalho é considerado uma síndrome psicossocial multidimensional porque se apresenta geralmente como um complexo conjunto de sintomas físicos e psíquicos que afeta o indivíduo, o grupo e a organização. Ainda para as autoras, os atos de violência no trabalho provocam uma alteração imediata nas relações interpessoais e essa violência implica em custos consideráveis para os indivíduos e para a organização.

Para Corrêa e Carrieri (2007) a organização, em um processo competitivo, pode fragilizar os indivíduos para atingir os objetivos, permitindo certos abusos de poder e indiretamente contribuindo para o crescimento de formas de assédio moral.

Por sua vez, de acordo com Freitas; Heloani e Barreto (2008) mais recentemente é que a violência no trabalho tem atraído à atenção de cientistas, médicos e outros profissionais envolvidos com a área da saúde e do trabalho, pelo fato de ter aumentado o número de casos envolvendo assédio moral.

O presente estudo visa apurar e analisar as publicações que abordaram a temática do assédio moral em periódicos nacionais. Para isso, observou-se a classificação adotada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para a estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação, ou seja, o Qualis 2014 válido para a área de avaliação de Administração, Ciências Contábeis e Turismo.

O objetivo é analisar a produção científica nacional sobre assédio moral por meio de um estudo bibliométrico, no período compreendido entre os anos de 1999 e 2015.

Na sequência da introdução se apresentam os procedimentos metodológicos, na terceira parte o marco conceitual, na quarta parte apresentam-se os resultados e discussões e, por fim, as considerações finais seguidas das referências.

 

2 Procedimentos Metodológicos

 

Quanto ao objetivo o estudo enquadra-se como pesquisa descritiva e com relação à abordagem se caracteriza como quantitativa. Referente aos procedimentos enquadra-se como pesquisa documental, por ter sido desenvolvida com base nos artigos científicos publicados nos periódicos nacionais. Ressalta-se que para o estudo observou-se a classificação adotada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) para a estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas de pós-graduação, ou seja, o Qualis 2014 válido para a área de avaliação de Administração, Ciências Contábeis e Turismo. Os periódicos pesquisados estão classificados nos estratos A2, B1 e B2, os referidos estão relacionados na Figura 1(HEINZMANN; VALADÃO JÚNIOR, 2016). Observa-se que não se localizou nenhum periódico nacional no estrato A1 na classificação do Qualis 2014 válido para área foco do estudo.

 

Figura 1: Periódicos pesquisados

Fonte: Heinzmann; Valadão Júnior (2016).


Pesquisou-se 62 periódicos, sendo: 11 periódicos Qualis A2; 21 periódicos Qualis B1 e 30 periódicos Qualis B2. O período das publicações analisadas compreende os anos entre 1999 e 2015, assim o corte do estudo é longitudinal. Para realização deste estudo, observaram-se alguns critérios apresentados em outros estudos, sendo eles: Mendonça; Santos e Paula (2015); e Heinzmann e Valadão Júnior (2016).

Pesquisou-se nos periódicos com as palavras de busca: “assédio moral”; “bullying”; “harassment”; “mobbing” e acoso laboral” no título, resumo e palavras chave. Ressalta-se que no caso das palavras “bullying” e “mobbing” o enfoque deveria estar relacionado ao assédio no trabalho e não no sentido de assédio entre estudantes. A pesquisa dos artigos foi realizada no período de 04 a 8 de janeiro de 2016, observando o Qualis 2014 válido para a área de avaliação de Administração, Ciências Contábeis e Turismo. Como resultado encontrou-se 38 artigos, foram considerados válidos para análise 33 artigos, pois a partir da leitura dos mesmos identificou-se que cinco artigos que continham um dos descritores anteriormente mencionados abordavam a temática do assédio moral de forma superficial (HEINZMANN; VALADÃO JÚNIOR, 2016).

Os dados definidos para a análise foram: publicações por ano; identificação do periódico; área de publicação; instituições; autores mais prolíficos; tipo de pesquisa quanto ao objetivo; método de abordagem; instrumentos de coleta de dados; técnicas de análise de dados; ranking de artigos e livros citados.


3 Marco Conceitual

 

O fenômeno do “assédio moral” foi estudado inicialmente nos anos de 1980 pelo pesquisador em psicologia do trabalho (LEYMANN, 1996) e que denominou o fenômeno de mobbing. Para ele, o mobbing consiste em manobras hostis e frequentes direcionadas a uma pessoa em um ambiente de trabalho (HIRIGOYEN, 2015; HEINZMANN; VALADÃO JÚNIOR, 2016).

A violência no trabalho é sutil, ardilosa, por vezes indireta e poderosa na visão de Freitas; Heloani e Barreto (2008). Os autores ainda entendem que as sutilezas se relacionam com o novo ciclo de desenvolvimento capitalista, no qual os métodos de oprimir e dominar são reconfigurados cotidianamente. Nem toda a prática de assédio moral é explícita, pode ter nuances de cuidados com o outro, mas objetiva praticar o assédio.

Para Barreto (2013) as transformações e as crises que vem ocorrendo no capitalismo trouxeram profundas repercussões no mundo do trabalho e nas relações sociais, o que implica nas formas de produzir das organizações, de gerir e de se relacionar com as pessoas. A referida autora escreve sobre a violência, as humilhações e a saúde no trabalho e a afirma que “uma nova qualidade de sofrimento é imposta aos trabalhadores: medo de perder o emprego e não encontrar um novo” (2013, p. 104).

Com relação ao bom funcionamento das organizações, este não pode ser visto unicamente pelos resultados econômicos, mas também por seu ambiente de trabalho, sendo este saudável, irá contribuir para que as pessoas se dediquem a organização de acordo com Martiningo Filho e Siqueira (2008).

No sentido de apresentar elementos mais comuns da violência no local de trabalho Freitas; Heloani e Barreto (2008, p. 48) encontraram:


a relação hierarquizada e assimétrica; habitualidade enquanto persistência de um padrão de comportamento e atitudes cotidianas e reiteradas; a intencionalidade em forçar o desaparecimento ou desligamento do outro por meio do pedido de demissão ou sujeitamento e obediência; a temporalidade do evento que dá início aos atos que se fazem constantes e repetitíveis no espaço e que vão compondo a ordem dos acontecimentos.


Ou seja, os elementos se encontram nas relações com diferenças de níveis hierárquicos, na frequência, na intenção e no tempo que determinado ato ocorre. O assédio no trabalho faz com que os desgastes psicológicos provocados nas pessoas contribuam para a diminuição da produtividade e para o aumento do absenteísmo (HIRIGOYEN, 2014).

A mesma autora em 2015 afirma que agir é não somente ajudar as vítimas a se tratar, mas sim tomar medidas concretas para cessar os comportamentos assediadores e principalmente mudar os contextos nos quais ocorreram (HEINZMANN; VALADÃO JÚNIOR, 2016). A prática do assédio moral pode ocorrer em todas as direções, tanto de superiores e subordinados, quanto de colegas de trabalho, ou seja, pode ser descendente, ascendente, horizontal ou misto (LEYMANN, 1996; FREITAS, 2001; HIRIGOYEN, 2015; HEINZMANN; VALADÃO JÚNIOR, 2016).


4 Resultados


Registra-se que estes resultados são parte de um estudo apresentado no IX Encontro de Estudos Organizacionais (EnEO) pelos mesmos autores. A apresentação dos resultados é na sequência dos dados definidos no tópico dos procedimentos metodológicos.

Quanto às publicações por ano, a Figura 2 apresenta o número de artigos publicados por ano que abordaram a temática do assédio moral no trabalho.

 

Figura 2: Publicações por Ano

Fonte: Heinzmann; Valadão Júnior (2016).


Destaca-se que os anos de 2013 e 2015 apresentaram o maior número, sete (21,2%) e cinco (15,2%) publicações respectivamente. Nos demais anos, as publicações foram iguais ou inferiores ao número de três por ano.

Pode-se inferir que pelos dados apresentados se faz necessário expandir o conhecimento e as pesquisas sobre a temática abordada na área pesquisada.

Referente à identificação dos periódicos e área de publicação, importante resgatar que um dos critérios de seleção foi o Qualis 2014 válido para a área de avaliação de Administração, Ciências Contábeis e Turismo (periódicos classificados como A1, A2, B1 e B2).

As publicações estão distribuídas em 18 periódicos, conforme Tabela 1. Sendo que 42,6% dos artigos foram publicados em três periódicos: RAE Revista de Administração de Empresas (15,2%); Cadernos EBAPE.BR (15,2%) e Psicologia & Sociedade (12,2%).

Tabela 1: Identificação dos Periódicos
Fonte: Heinzmann; Valadão Júnior (2016).


Quanto às áreas de conhecimento das publicações, apresentaram as áreas de Administração com 21 artigos (63,6%); Psicologia com 8 artigos (24,2%); Enfermagem com 2 artigos (6,1%) e área da Saúde com 2 artigos (6,1%). O resultado referente às áreas de publicações nos periódicos corrobora o mencionado por Freitas; Heloani; Barreto (2008), que as publicações sobre o tema têm sido realizadas por diferentes áreas de conhecimento, o que demonstra o seu caráter interdisciplinar. Pode-se inferir que as publicações se encontram pulverizadas em distintos periódicos.

Com relação ao vínculo com instituições de ensino superior, optou-se por apresentar a identificação das instituições as quais tiveram mais de dois autores vinculados (considerado o vínculo mencionado na época da publicação). Na Tabela 2 apresentam-se as instituições.

 

Tabela 2: Identificação das Instituições de Ensino Superior

Fonte: Heinzmann; Valadão Júnior (2016).

 

Destacam-se a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com número de seis autores vinculados a cada. Quanto ao maior número de artigos destacam-se a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV/SP) com cinco artigos cada.

Observa-se que além das 15 instituições listadas, as quais têm 51 autores vinculados e estes estão presentes em 30 artigos, encontrou-se mais 21 instituições de ensino superior e uma empresa.

Referente aos autores mais prolíficos, os 33 artigos foram escritos por um total de 70 autores, tem artigos com um autor até artigos com seis autores. Predominaram artigos escritos por dois autores (12 artigos (36,3%)) e artigos escritos por um autor (sete artigos (21,2%)).

Optou-se por relacionar os autores que estão mencionados em dois ou mais artigos, são eles: Alexandre de Pádua Carrieri e Maria Éster de Freitas em quatro artigos cada; Suzana da Rosa Tolfo em três artigos; Alessandra Morgado Horta Côrrea, Alessandra Rodrigues Jacoby, Ana Paula Paes de Paula, Cristiani Garrido de Andrade, Isabelle Cristinne Pinto Costa, Marcus Vinicius Soares Siqueira, Solange Fátima Geraldo da Costa e Thiago Soares Nunes, todos em dois artigos cada.   

Observa-se que os autores Alexandre de Pádua Carrieri e Alessandra Morgado Horta Côrrea escreveram em parceria dois artigos e Alexandre de Pádua Carrieri e Marcus Vinicius Soares Siqueira escreveram em parceria um artigo. No mesmo sentido, os autores Suzana da Rosa Tolfo e Thiago Soares Nunes escreveram em parceria dois artigos e as autoras Cristiani Garrido de Andrade, Isabelle Cristinne Pinto Costa e Solange Fátima Geraldo da Costa também em parceria escreveram dois artigos. Ou seja, no coletivo, os onze autores escreveram como autores ou coautores 18 artigos (54,5%).

Com base nessa observação e no predomínio da quantidade de autores por artigo pode-se inferir que a produção intelectual da temática de assédio moral está concentrada em poucos autores e estes optam por escrever em parceria em pequenos grupos e também de forma individualizada.

Com relação ao tipo de pesquisa quanto ao objetivo e método de abordagem, dos 33 artigos publicados, nove artigos (27,3%) são teóricos e 24 artigos (72,7%) são teóricos empíricos. Com relação ao tipo de pesquisa quanto ao objetivo a Figura 3 apresenta que oito artigos (24,2%) classificaram o tipo como pesquisa descritiva. Os artigos que não mencionaram a classificação quanto ao tipo de pesquisa são representativos, 19 artigos (57,6%) dos periódicos.

 

Figura 3: Tipo de Pesquisa Quanto ao Objetivo

Fonte: Heinzmann; Valadão Júnior (2016).


Referente ao método de abordagem destaca-se que o método qualitativo se faz presente em 27 artigos (81,8%). Por sua vez, a utilização do método quantitativo está mencionada em quatro artigos (12,1%) e a combinação dos dois métodos é registrada em dois artigos (6,1%).

Destaca-se o predomínio do método qualitativo, o que demonstra que existem oportunidades para realização de pesquisas com a utilização de método quantitativo ou mesmo da combinação dos dois métodos.

Quanto aos instrumentos de coleta de dados e técnicas de análise de dados, importante observar que para a análise dos instrumentos de coleta de dados e das técnicas de análise de dados foram analisados os artigos teóricos empíricos, ou seja, 24 artigos. Com base nos achados, a entrevista está presente em sete artigos (29,1%); questionário e entrevista de forma conjunta estão presentes em três artigos (12,5%); a forma documental está presente em três artigos (12,5%); e ainda foram utilizados os instrumentos de narrativa da história da vida; grupo focal; relato da história de vida (encontros em grupos); e formulário nos demais artigos.

Os artigos apresentaram uma diversificação quanto à utilização de instrumentos de coleta de dados e quanto ao uso em conjunto de mais de um tipo de instrumento. Pelo fato de ter predominado o uso do método qualitativo, constata-se o predomínio do uso de instrumentos de coleta de dados indicados para este tipo de método. E também em alguns casos, o uso de mais de um tipo de instrumento se deve a opção dos pesquisadores por triangular os dados.

Referente às técnicas de análise destacam-se a análise de conteúdo presente em nove artigos (37,5%), análise de discurso presente em cinco artigos (20,8%), análise multivariada presente em dois artigos (8,3%), estatística descritiva em conjunto com análise de conteúdo presente em dois artigos (8,3%). Além das técnicas mencionadas foram utilizadas mais outras seis técnicas de análise, cada uma com uma menção em um artigo.

Quanto ao ranking de artigos citados nas publicações e o ranking de livros optou-se por destacar os que tiveram mais de quatro citações, destacam-se os artigos: “Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações” da autora Freitas (2001) com 13 citações; “The content and development of mobbing at work” do autor Leymann (1996) também com 13 citações; “Quem paga a conta do assédio moral no trabalho?” da autora Freitas (2007) com oito citações; “Assédio moral - um ensaio sobre a expropriação da dignidade no trabalho” do autor Heloani (2004) com sete citações; “The nature and causes of bullying at work” do autor Einarsen (1999) com seis citações; Mobbing and psychological terror at workplaces do autor Leymann (1990) com cinco citações e o artigo "Mobbing" (assédio psicológico) no trabalho: uma síndrome psicossocial multidimensional das autoras Guimarães e Rimoli (2006) com quatro citações.

Com relação ao ranking de livros, as obras mais citadas são: “Assédio moral: a violência perversa no cotidiano” (2000) com 21 citações e “Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral” (2002) com 17 citações, ambas da autora Hirigoyen; a obra “Violência, saúde e trabalho: uma jornada de humilhações” da autora Barreto (2003) com 14 citações; a obra “Assédio moral no trabalho” dos autores Freitas; Heloani e Barreto (2008) com 13 citações; a obra “A banalização da injustiça social” do autor Dejours (2007) com cinco citações; as obras “Assédio moral na relação de emprego” da autora Alkimin (2005) e “Terror psicológico no trabalho” da autora Guedes (2003) com quatro citações cada.


5 Considerações Finais


O estudo analisou a produção científica nacional sobre assédio moral por meio de um estudo bibliométrico no período compreendido entre os anos de 1999 e 2015.

Foram analisados 33 artigos e destacam-se alguns resultados: o caráter interdisciplinar das publicações, e estas, encontram-se pulverizadas em distintos periódicos. A produção intelectual da temática de assédio moral está concentrada em poucos autores, e estes, optam por escrever em parceria em pequenos grupos e também de forma individualizada. Predomínio do método de abordagem qualitativo nas publicações, o que demonstra que existem oportunidades para realização de pesquisas com a utilização de método quantitativo ou da combinação dos dois métodos. As publicações apresentaram diversificação quanto à utilização de instrumentos de coleta de dados e quanto à utilização de técnicas de análise de dados.

Salienta-se que se faz necessário expandir o conhecimento e a produção científica sobre a temática do assédio moral no trabalho. O estudo apresenta como limitações o fato de ter considerado o Qualis 2014 válido somente para a área de avaliação de Administração, Ciências Contábeis e Turismo e os periódicos pesquisados classificados nos estratos mais elevados.

Considerando que no decorrer da pesquisa encontrou-se achados nas áreas de Psicologia, Enfermagem e Saúde sugere-se que futuros trabalhos englobem também o Qualis válido para essas áreas e ainda os demais estratos, já que a temática tem um caráter interdisciplinar. Quanto mais distintos olhares de pesquisadores sobre o assédio moral no trabalho, mais disseminado o tema se tornará e assim aumentarão as possibilidades de contribuições para redução da sua ocorrência.


Referências


BARRETO, M. M. S. Violência, saúde e trabalho: uma jornada de humilhações. São Paulo: EDUC, 2013.

CORRÊA, A. M. H.; CARRIERI, A. P. Percurso semântico do assédio moral na trajetória profissional de mulheres gerentes. RAE Revista de Administração de Empresasv. 47, n. 1, p. 22-32, 2007.

FREITAS, M. E. Assédio moral e assédio sexual: faces do poder perverso nas organizações. Revista de Administração de EmpresasSão Paulo, v. 41, n. 2, p. 8-19, 2001.

FREITAS, M. E.; HELOANI, R.; BARRETO, M. Assédio moral no trabalhoSão Paulo: Cengage Learning, 2008.

GUIMARÃES, L. A. M.; RIMOLI, A. O. “Mobbing” (assédio psicológico) no trabalho: uma síndrome psicossocial multidimensional. Psicologia: Teoria e Pesquisav. 22, n. 2, p. 183-192, 2006.

HEINZMANN, L. M.: VALADÃO JÚNIOR, V. M. Assédio moral: análise da (quase) maioridade de um tema por meio da bibliometria. IX Encontro de Estudos Organizacionais, EnEO. Anais..., Belo Horizonte-MG, 2016.

HIRIGOYEN, M. F. Assédio moral: a violência perversa no cotidiano. 15 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2014.

HIRIGOYEN, M. F. Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral. 8 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015.

LEYMANN, H. The content and development of mobbing at work. European Journal of Work and Organizational Psychologyv. 5, n. 2, p. 165-184, 1996.

MARTININGO FILHO, A.; SIQUEIRA, M. V. S. Assédio moral e gestão de pessoas: uma análise do assédio moral nas organizações e o papel da área de gestão de pessoas. Revista de Administração Mackenziev. 9, n. 5, p. 11-34, 2008.

MENDONÇA, J. M. B.; SANTOS, M. A. F.; PAULA, K. M. Assédio moral no trabalho: pesquisas internacionais, produção nacional e lacunas para estudos. XXXIX - Encontro da Associação Nacional de Programas de Pós-graduação em Administração. Anais..., Belo Horizonte-MG, 2015.

 

Agradecimentos ao CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - e a CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - pelo auxílio financeiro que possibilitou a pesquisa que originou este trabalho.

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