Síndrome de Burnout em Profissionais da Saúde que Atuaram na Linha de Frente do COVID-19

Brenda da Silva 1
Carla Rosângela Binsfeld 2
Eduardo Daltrozo Gutierrez 3
Jonatas Flak
Mariane Manente 4
Marcos Guilherme Schäfer 5
Natan Klein 6 
Paulo Ricardo Nazário Viecili 7
Rafaela Fernandes Gonçalves 8 


No contexto da covid-19 os sistemas de saúde no mundo entraram em verdadeiro colapso, onde todo o processo afetou diretamente a saúde mental dos trabalhadores devido ao aumento da exaustão e do estresse, levando a efeitos psicológicos negativos, incluindo a síndrome de burnout. Diante da magnitude da pandemia e a relevância de analisar-se a saúde mental dos trabalhadores da linha de frente do combate a Covid-19, há necessidade de realizarem-se estudos sócio demográficos e as características dos profissionais da saúde acometidos por Burnout nesse período. A pesquisa foi desenvolvida com os trabalhadores de saúde que estavam na linha de frente no combate ao Covid-19 nas unidades de um dos hospitais regionais na região Alto Jacuí-RS indagando a seguinte pergunta: Os trabalhadores da organização hospitalar da região Alto Jacuí foram afetados pela síndrome de Burnout? Os Objetivos deste estudo no Geral foi o de identificar se os trabalhadores de saúde da linha de frente da instituição hospitalar regional da região alto jacuí sofreram síndrome de burnout. Buscou-se como objetivos específicos: Identificar a prevalência da síndrome de burnout em profissionais da linha de frente do combate à pandemia na instituição hospitalar. Verificar os principais fatores que influenciam no desenvolvimento da síndrome de burnout. Caracterizar fatores de proteção na prevenção da síndrome de burnout na organização hospitalar Alto Jacuí. Tratou-se de uma revisão sistemática, onde foram utilizados os descritores “burnout syndrome” and “covid-19” and “health personnel”, para realizar buscar nas plataformas BVS/LILACS, BIREME e PubMed. Ressalta-se que o burnout refere-se especificamente a fenômenos no contexto ocupacional e não deve ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida. No total, foram encontradas 427 publicações na plataforma Bireme, 16 no BVS/Lilacs e 555 no PubMed. Em um primeiro momento, foram selecionados 94 artigos baseados nos títulos. Os artigos selecionados foram lidos e analisados, destes foram descartados 67 artigos, devido a viés de amostragem e/ou metodologia, bem como não se enquadram na temática proposta, sendo 2 devido a duplicidade. Por fim, foram incluídos na presente revisão 27 publicações científicas, destas, 7 (26%) foram publicados em 2020, 19 (70%) foram publicados

Abstracts

In the context of covid-19, health systems in the world have come to a true collapse, where the whole process has directly affected the mental health of workers due to increased exhaustion and stress, leading to negative psychological effects, including burnout syndrome. Given the magnitude of the pandemic and the relevance of analyzing the mental health of frontline workers in the fight against Covid-19, there is a need to carry out socio-demographic studies and the characteristics of health professionals affected by Burnout in this period. The research was developed with health workers who were on the front line in the fight against Covid-19 in the units of one of the regional hospitals in the Alto Jacuí region, asking the following question: The workers of the hospital organization in the Alto Jacuí region were affected by Burnout Syndrome? The Objectives of this study in General was to identify whether the frontline health workers of the regional hospital institution in the Alto Jacuí region suffered from burnout syndrome. The following specific objectives were sought: To identify the prevalence of burnout syndrome in frontline professionals in the fight against the pandemic in the hospital institution. Check the main factors that influence the development of burnout syndrome. To characterize protective factors in the prevention of burnout syndrome in the Alto Jacuí hospital organization. This was a systematic review, where the descriptors “burnout syndrome” and “covid-19” and “health personnel” were used to search the VHL/LILACS, BIREME and PubMed platforms. Original studies that were freely available, published until 2022, in English and Portuguese, were included. Articles that do not fit the topic addressed, duplicates, review, projects, letter to the editor and that had sampling bias were excluded. The literature brought the concept that the burnout syndrome was recognized in 2019 by the WHO and incorporated into the ICD-11. conceptualized as a syndrome resulting from chronic workplace stress that has not been successfully managed.

1 Introdução

Em março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a Covid-19, síndrome respiratória grave causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), como uma pandemia. A disseminação da Covid-19 ocasionou uma crise de saúde pública mundial. Após mais de dois anos, já foram registrados mais de 500 milhões de casos no mundo e 6 milhões de óbitos confirmados em decorrência desta doença (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2022; UNIVERSIDADE JOHNS HOPKINS, 2022).
No Brasil, a ausência de políticas de saúde centralizadas, reduzidas taxas de testagem, uma população com baixa adesão às medidas de prevenção e a alta transmissão do vírus SARS-CoV-2 agravaram a pandemia, impactando o sistema de saúde pública. Esse impacto sobre o sistema levou à superlotação dos leitos de UTI, falta de ventiladores nos hospitais, escassez de medicamentos e desabastecimento de equipamentos de proteção individual, dentre outros desfechos negativos (SILVA; PENA, 2021).
Nesse contexto, os profissionais de saúde tiveram de lidar com situações estressantes, como alta carga horária, distúrbios do sono, fadiga debilitante e o risco de contrair infecção e colocar sua família em risco. Os impactos advindos da pandemia, portanto, repercutiram sobre os trabalhadores da saúde, especialmente no que se refere à saúde mental, com o desenvolvimento de quadros de ansiedade, depressão e Burnout (MOAZZAMI et al., 2020; CHIRICO et al., 2021)
Burnout pode ser descrito como uma síndrome resultante de resposta prolongada à exposição crônica ao estresse emocional e interpessoal no ambiente de trabalho e caracterizando-se pelo sentimento de estar emocionalmente sobrecarregado e esgotado, a adoção de atitudes negativas, desumanizadas e insensíveis em relação às pessoas às quais o cuidado ou serviço e redução da satisfação profissional corresponde ao sentimento de baixa competência e realização com o trabalho (MAGALHÃES et al., 2021).
O enfrentamento de pandemias pode gerar efeitos significativos na saúde mental de profissionais da rede hospitalar, podendo se transformar em problemas crônicos quando não identificados e tratados adequadamente. Tem-se, portanto, a necessidade de investigar o impacto negativo da pandemia na saúde mental de profissionais que trabalham em instituições de saúde pública durante o combate ao Covid-19, em especial a síndrome de Burnout, auxiliando na elaboração de estratégias de médio a longo prazo que visem à saúde do trabalhador.

2 Método

2.1 Delineamento

Trata-se de um transversal realizado através da aplicação de um questionário de múltipla escolha que buscou avaliar a prevalência e fatores associados ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout em trabalhadores que atuaram no Hospital de Caridade São Vicente de Paulo durante o combate à pandemia do Covid-19 no município de Cruz Alta.

2.2 Participantes

Ao todo, estão aptos para participarem da presente pesquisa, 473 trabalhadores que prestaram serviços durante a pandemia, sendo destes 166 funcionários do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo de Cruz Alta. Estão inclusos trabalhadores que atuaram diretamente como médicos, residentes, estagiários, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, bem como profissionais que atuaram indiretamente como psicólogos, nutricionistas, trabalhadores de laboratório, centro de imagem, secretarias, maqueiros e assistentes sociais.

2.4 Critérios de Inclusão e Exclusão

Foram excluídos do estudo todos os funcionários que não atuaram durante a pandemia ou não prestavam serviços relacionados à pandemia do COVID-19. Foram automaticamente excluídos deste estudo todos aqueles que não aceitaram o TCLE.
O contato com os funcionários foi realizado através de redes sociais e ligações telefônicas. Ao total, foram realizadas três tentativas de contato com os funcionários, sendo excluídos aqueles que não se obteve contato e aqueles que não responderam.

2.3 Coleta e Análise dos Dados

O questionário foi idealizado através do Google Forms e neste estão 56 perguntas de múltipla escolha, contendo o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), além de questões que abordam características sociodemográficas, local de trabalho e impacto clínico. No presente questionário também está incluído também o Oldenburg Burnout Inventory, uma metodologia criada por Evangelia Demerouti, na Alemanha, no ano de 1999 para diagnosticar e avaliar a Síndrome de Burnout.
O questionário foi aplicado entre os dias 17 de março e 5 de abril. O presente estudo utilizou um método de amostragem por conveniência para o recrutamento, sendo realizado convite via contato telefônico com todos os funcionários, sendo explicado e esclarecido os objetivos do projeto. Em caso de aceite da participação, foi encaminhado um questionário online para o trabalhador responder as perguntas. Em caso de três contatos telefônicos sem sucesso o trabalhador foi dado como não localizado, sendo considerado desistência. Os dados adquiridos serão inseridos em planilha Microsoft Excel e as variáveis analisadas por estatística

2.6 Questões Éticas

Todos os procedimentos realizados no estudo estavam de acordo com os padrões éticos do comitê de pesquisa institucional e com a declaração de Helsinque de 1964 e suas alterações posteriores ou padrões éticos comparáveis. Para proteger a confidencialidade dos dados, os participantes preencheram questionários anonimamente e os dados foram analisados ​​globalmente.

3. Marco Conceitual

O termo burnout foi criado pela primeira vez na década de 1970 por Freudenberger para descrever o esgotamento emocional gradual e a perda de motivação que ele observou entre as pessoas que se ofereceram para trabalhar para organizações humanitárias em Nova York. Nos dias atuais, o conceito de burnout é mais compreendido, embora pouco difundido (BAKKER, DEMEROUTI, SANZ-VERGEL, 2014).
A Organização Mundial da Saúde (2021) incluiu esta síndrome na 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11), definindo-a como:
“Uma síndrome resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. Caracteriza-se por três dimensões: 1) sentimentos de esgotamento ou exaustão de energia; 2) aumento da distância mental do trabalho, ou sentimentos de negativismo ou cinismo em relação ao trabalho; e 3) uma sensação de ineficácia e falta de realização. Ressalta-se que o burnout refere-se especificamente a fenômenos no contexto ocupacional e não deve ser aplicado para descrever experiências em outras áreas da vida.”
Cabe observar a base da pesquisa, em diversos estudos realizados na Ásia e América do Norte, a pandemia de Covid-19 fez com que os níveis de Síndrome de Burnout em trabalhadores da área da saúde chegassem a altos índices, que variam entre 29 e 52% do total de pesquisados. (TAN et al., 2020; NISHIMURA et al., 2021; DILLON et al., 2022; CYR et al., 2021; TORRENTE et al. 2021).
Destacam-se profissionais de saúde do sexo feminino, que apresentaram índices mais altos de Síndrome de Burnout se comparados com profissionais do sexo masculino. Isto ocorre principalmente devido ao acúmulo de funções, visto que mulheres exercem papel materno e funções domésticas (JANG et al., 2021; DILLON et al., 2022; MATSUO et al., 2021; CYR et al., 2021; LIN et al., 2021)
Os mais afetados foram profissionais com menos tempo de experiência e aqueles com idades abaixo de 50 anos apresentaram maiores chances de desenvolver Síndrome de Burnout. Em contrapartida, profissionais mais velhos, casados e com filhos apresentam menores chances (DILLON et al., 2022; MATSUO et al., 2021; GRAMAGLIA et al., 2021; LIN et al., 2021; JALILI et al., 2021)
Em estudos recentes, pode-se observar que profissionais com maiores titulações, como médicos e enfermeiros, apresentaram maiores índices de Síndrome de Burnout se comparado aos de menores titulações, como técnicos, isso porque apresentam funções de maior destaque em suas instituições de trabalho. O destaque vai para enfermeiros que possuíam maiores índices de desenvolvimento da síndrome se comparados aos médicos. Em geral, profissionais com mais de 8 horas de trabalhos diários estão associados com maior risco para desenvolvimento de Burnout, bem como trabalhadores de UTI (NISHIMURA et al., 2021; CYR et al., 2021; STOCCHETTI et al., 2021; JANG et al., 2021; TAN et al., 2020; CHOR et al., 2021).

4. Resultados

Ao todo, foram obtidas 130 respostas (78,3% de adesão total).

4.1 Características Sociodemográficas e Econômicas

A média de idade foi de 36,18 anos (DP = 9,2), sendo 80% do sexo feminino e 80% do sexo masculino.
Dos funcionários que responderam, 86,4% moram acompanhados, enquanto o restante 13,6% moram sozinhos. Destes, 52% são casados ou possuem união estável, 37,6% são solteiros; 6,4% são separados e 3,2% são viúvos. 0,8% preferiram não declarar seu estado civil. Quando perguntados, 32% não possuem filhos, dos que possuem, 48,8% possuem somente um filho, 32,1% possuem dois filhos, 13,1% têm três filhos e 6% possuem quatro ou mais.
Quando observada a renda familiar 4,8% recebiam menos de 1 salário mínimo, 22,4% de 1 a 2 salários mínimos, 24% de 2 a 3 salários, 16% e 3 a 4 salários e 32,8% recebiam 5 salários mínimos ou mais. Deste total, 56% consideram que a renda familiar supre as necessidades mensais, enquanto o restante acredita que a renda não é o suficiente para os gastos.
Ao serem questionados sobre a prática de atividade física, 50,4% afirmaram que não praticam, frente aos 49,6% que praticam de forma regular. As atividades físicas mais relatadas foram aeróbicas, como caminhadas, corridas, pedalada e dança e anaeróbicas, como pilates, musculação, crossfit e artes marciais.
No total, 62,4% realizam alguma atividade para lazer, sendo leitura, escutar música e assistir filmes e séries as mais citadas.

4.2 Ambiente de Trabalho

Os graus de titulação variam, sendo a mais prevalente técnico com 47,2%, seguido de graduação com 24,8%, especialização e/ou residência com 21,6%. Mestrado e doutorado obtiveram 1,6%, enquanto ensino médio completo obteve 4,8%
Das funções exercidas, destaca-se técnicas de enfermagem (38,4%), enfermeiros (18,4%), médicos (8,8%), farmacêutico (3,2%), fisioterapeuta (2,4%), psicólogo (0,8%). Serviços de apoio à saúde compreendem 25,6% da amostra da pesquisa.
Os funcionários trabalham especialmente em Unidades de Tratamento Intensivo (52,8%), enfermaria (14,4%) e pronto atendimento (15,2%), em média perfazendo 40 horas semanais, principalmente no horário diurno (53,6%) e noturno (21,6%). 24,8% trabalham em ambos os turnos.
Quando questionados, 21,6% afirmaram que já sofreram assédio, bullying ou exclusão durante o trabalho, 59,2% se sentem sobrecarregados, 21,6% não possuem flexibilidade de horários ou folgas após jornada excessivas de trabalho, 29,6% sentem que não possuem liberdade criativa dentro do ambiente de trabalho. Do total, 35,2% afirmaram não receberam gratificações, sejam financeiras ou subjetivas (elogios), mesmo que de forma esporádica, durante sua jornada de trabalho.

4.3 Impacto Clínico e Saúde Mental

Se levarmos em consideração o impacto clínico na saúde dos funcionários, 76% responderam que se sentem fatigados pelo menos uma vez por semana. Na mesma proporção, dores no corpo se manifestam para pelo menos 76% dos funcionários, ao menos uma vez na semana, uma minoria de 24% não sente dores.
Quando questionados, 36,8% apresentam sentimentos depressivos, que variam entre tristeza, ansiedade, desânimo e cansaço. O acompanhamento psicológico também foi questionado aos participantes do estudo, no qual responderam em sua maioria (86,4%) que não realizam consultas regulares no psicólogo/terapeuta. Ainda, 9,6% dos funcionários afirmaram que não recebem apoio dos familiares, seja nas esferas emocional e/ou financeira.

4.4 Oldenburg Burnout Inventory


5. Discussão

A revisão da literatura demonstra características de pressão de participação no trabalho da COVID-19 leva a um impacto significativo no psicológico dos trabalhadores da saúde. Entre os motivos mais listados geralmente encontram-se a preocupação com infecção, aumento das cargas de trabalho, exaustão com o atendimento de pacientes devido a sobrecarga de cuidados de saúde, preocupação com a falta de equipamentos de segurança no trabalho, a atribuição de tarefas adicionais de trabalho, a preocupação com demissão e isolamento social (JANG et al., 2021; NISHIMURA et al., 2021; DILLON et al., 2022; MATSUO et al., 2021; DEBES et al., 2021).
Entre os fatores de proteção para o desenvolvimento de Síndrome de Burnout estão a educação continuada com informações relacionadas ao COVID-19, disponibilidade de equipamentos de proteção individual, a presença de intervalos, apoio psicológico ocupacional, apoio familiar e sentir-se valorizado através de mensagens de incentivo no local de trabalho (DILLON et al., 2022; JANG et al., 2021; MATSUO et al., 2021; CYR et al., 2021; MORGANTINI et al., 2020).
Torna-se fundamental que os trabalhadores da saúde possuam atividades de lazer, como observado no estudo, visto que as mesmas são benéficas para a saúde mental. A utilização de meios tecnológicos para assistir televisão ou vídeos na internet, leitura, realização de atividades físicas são muito recomendados por profissionais para diminuir a carga negativa de estresse. A adoção de hábitos alimentares saudáveis e regularidade no sono também são positivos (CHOR et al., 2021; MATSUO et al., 2021)
Esse estudo apresenta algumas limitações. As características do trabalho durante a pandemia de COVID-19 foram medidas com instrumentos de auto relato, a amostra é composta por funcionários brasileiros e as respostas não devem ser generalizadas para outros países. Por fim, o estudo foi transversal e resultou em conclusões causais, sendo necessária a realização de estudos longitudinais para acompanhar os efeitos em longo prazo. Analisa-se na pesquisa que existem vários fatores associados ao desenvolvimento da síndrome de burnout em profissionais de saúde durante a pandemia de Covid-19, fatores relacionados com o próprio profissional, o ambiente de trabalho e o convívio social. Percebe-se que a denominada ‘Linha de frente no combate à pandemia’, demonstrou que esses trabalhadores sofriam de medo de infecção e morte e atualmente observamos possiblidade de Transtorno pós traumático, ansiedade e depressão. Profissionais de saúde envolvidos no cuidado a pacientes com Covid-19, a exemplo da categoria de enfermagem, também apresentaram níveis elevados de estresse e burnout quando comparados a enfermeiros que atuam na assistência a outros pacientes não acometidos pela doenças. No entanto, quanto maior a autoeficácia e a disposição para o trabalho na linha de frente de outros setores, maiores são os níveis de burnout e até hoje de quadro de algum sofrimento mental. A discussão do levantamento de dados ainda está sendo processada pela equipe de pesquisa para explorar mais dados.

6. Conclusão

A pandemia do Covid-19 atingiu o mundo de diferentes maneiras e pressionou sistemas de saúde pública, provocando desgastes profundos no psicológico e físico de profissionais de saúde, como comprovado pelo presente estudo. A sociedade deve estar preparada para enfrentar os desafios pós-pandemia e deve ampliar cada vez mais o diálogo sobre saúde mental. Os dados coletados estão à disposição das instituições e permitirão a elaboração de estratégias e medidas de combate e prevenção personalizadas e mais eficazes.

Referências

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1 Biomedicina (UNICRUZ), Mestre em Atenção em Integral à Saúde (UNICRUZ), Doutoranda em Farmacologia (UFSM), docente na Universidade de Ijuí (UNIJUI), Coordenadora de pesquisa no Instituto Cruzaltense de Cardiologia.
2 Formação Psicanalítica, Mestre em Educação UNINORTE (PY), Mestranda em Psicologia IMED, Esp. Neuropsicologia, Especialista em Psicologia Forense e Jurídica Unylea, Especialista em Saúde Mental Faculdade Dom Bosco, Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho Faculdade Dom Bosco, MBA Gestão Empresarial FGV, MBA COACHING FESPSP, Professora MBA”s Univates-Lajeado entre outros.
3 Graduando em Psicologia (UNIJUI), Bolsista Cnpq-Projeto de pesquisa sobre transmissão na Psicanálise.
4 Graduação em Psicologia (URI-Santiago-RS), Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental (WP-Cognitivo), Especialista em Gestão de Pessoas e Recursos Humanos (Faculdade Dom Alberto), Psicóloga Clínica-PENSÉE, Coordenadora Institucional da Psicologia (PENSÉE).
5 Graduado em Biomedicina (UNICRUZ), Habilitação em Análises clinicas, Biologia Molecular e Citologia Oncótica, pesquisador do HSVP.
6 Graduação em Psicologia (IMED), Mestrando de Psicologia (IMED), bolsista cnpq-, monitor de psicologia (IMED).
7 Cardiologista (SBC), Intensivista (AMIB), Coordenador da unidade de COVID-19 do HSVP, Doutorado (USP), Pós doutorando (FIOCRUZ), Docente pesquisador do curso de Medicina da UNIJUI. Diretor do Instituto de Cardiologia-(ICCA).
8 Graduação em Medicina (UFPEL-RS), Residente clínica Médica HSVP-Cruz Alta- Medicina-UNIJUI (2021-2022), Mestranda do Programa de pós graduação em Princípios da cirurgia da FEMPAR (2022), Formação e estagiária em Psiquiatria supervisionada no Hospital Espirita de Pelotas (2014-2015), Bolsista PET-Saúde (2013-2014).
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